domingo, 15 de maio de 2016

Denúncia de invasão urbana: destruição da Mata Atlântica em João Pessoa

A indignação de uma aluna foi o suficiente para nos levar a uma área da cidade conhecida por loteamento da ASSPOM – Associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar, no limite de Mangabeira, perto da Mata de Jacarapé - Aratu. Em 2010, neste local foi construído sem licenciamento ambiental, casas de moradia ausentes de infraestrutura básica: esgotamento, energia, calçamento ou água encanada. Atualmente, as casas estão prontas, porém impróprias para moradia, pois sequer existe abastecimento de água no local.


Essa invasão ocasionou desmatamento de parte da floresta encontrada na região, além de ter incentivado negócios imobiliários, incentivando a ocupação indevida no local de populações carentes, que migraram para a área, levantando barracos e criando até vilas com porteira.


Abrindo fendas na Mata, estradas de barro e colocando estacas e cercas em terrenos, a Associação dos Moradores do Parque Aratu, entidade privada, criada em 2012, para trazer benefícios aos moradores invasores, movimenta a economia local e vende lotes por quinze mil reais.


O Governo do Estado decretou a criação de um Parque Estadual no ano passado, e cercou parte da área, talvez para tentar salvar os resquícios de Mata ainda encontrados na região, já que não prioriza a contenção indevidas dessas invasões.


De fato, toda essa área deveria estar protegida, pois é uma das áreas prioritárias de conservação de Mata Atlântica, de acordo com o Plano Municipal de Mata Atlântica, que diagnosticou a área envolta do Centro de Convenções (Parques Estaduais do Aratu, do Jacarapé e Trilha dos Cinco Rios) como prioritárias para proteção do verde ainda encontrado em João Pessoa, por conta da importância ecológica, promovendo amenização climática, absorvendo calor e poluição, ajudando a amenizar e drenar as grandes chuvas e permitindo a vida de várias espécies animais e vegetais, entre outros serviços ambientais. 

Mas os seres humanos não podem ver uma área verde que chamam de vazia e querem ocupar, instalando grandes equipamentos que atraem a especulação imobiliária como é o caso do Centro de Convenções.


Nessa imagem pode-se ver os focos e incêndio que iniciam as queimadas para a invasão por cercamento.


O argumento de representantes da associação (privada) é o déficit de moradia, mas no local foram observadas ocupações de grandes terrenos, com casas de alvenaria, muros e carros na garagem.


Uma vez consolidada a invasão, fica o déficit de floresta, de lençol freático com água de qualidade, de biodiversidade, ou seja, de qualidade de vida.  No futuro, a cidade terá que pagar, com os impostos coletados, a infraestrutura da invasão. Consolida-se assim a expansão urbana, enriquecendo alguns espertalhões à custa dos recursos naturais e dos bens sociais e econômicos de toda a população municipal. E essa tragédia acontece debaixo de nossas vistas.

Um comentário:

  1. Uma pena! Mesma coisa em Gramame norte...o Rio Gramame abastece a cidade toda e a barreira deste rio esta em perigo

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