O governo municipal recebeu dirigentes e pessoas para apresentar o Plano de Ação João Pessoa Sustentável durante evento na Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes. O Plano é fruto da Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentáveis (ICES), projeto do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) em parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF), que prevê o aporte por meio de empréstimos de 1,25 bilhão de reais.
Isso, em tese, deveria ser uma notícia maravilhosa, não fosse um pequeno detalhe: essa gestão têm se caracterizado por preferir a abstração à realidade. Recentemente veiculou propaganda de uma cidade inexistente, com projetos futuros, dizendo como a cidade vai ficar e se o citadino prestar atenção de verdade, nada do que foi anunciado dessas obras está em andamento, ou se está, é tão lento que torna-se imperceptível na paisagem.
Isso nunca foi visto, pois, em geral, as propagandas devem ser de realizações e não de abstrações. No mais, a PMJP vem recebendo denúncias sobre a falta de transparência nas ações e nos projetos que realiza. Por exemplo, o projeto de revitalização da Lagoa, ninguém sabe, ninguém viu. Em audiência no Ministério Público, IPHAEP e IPHAN afirmam que apenas a fase de drenagem da Lagoa foi autorizada. Até então, em ambos os órgãos, não tramita nenhuma solicitação de análise de projeto do que vem sendo veiculado na mídia.
Voltando ao Plano de Ação dos Cidades Emergentes, com empréstimo do BID e Caixa, ele contempla planos urbanísticos, de mobilidade e moradia, sendo os mais polêmicos o Projeto de Requalificação do Porto do Capim, que vem mobilizando a comunidade devido à falta de transparência das ações. Moradores denunciam que técnicos frequentam o local, mas não discutem projetos com a comunidade. É como se as pessoas, não existissem!
E por fim, o que considero mais simbólico da enganação deste Governo com a população: o Plano para A Contenção da Barreira de Cabo Branco . A PMJP informa que contratou a preparação de um diagnóstico ambiental contemplando estudos básicos dos meios físico, biótico e socioeconômico, que embasarão a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental para a área e entorno. Esses estudos vão gerar um projeto executivo que irá propor medidas de proteção costeira na Praça de Iemanjá, nas Falésias do Cabo Branco e na Ponta do Seixas.
Porque isso é enganação? Porque estes estudos existem e custaram ao bolso do contribuinte 600 mil reais, levaram quase 4 anos para serem concluídos pelos maiores especialistas do nordeste em dinâmica costeira. O projeto foi apresentado em audiência pública e aprovado, obtendo a licença prévia para instalação. Ou seja, estamos diante de uma cidade abstrata, que só existe na cabeça dos planejadores e burocratas da política dos planos e papéis. Enquanto isso, o cotidiano continua muito real com os mesmos problemas de sempre, que os planos, projetos e propagandas não resolvem. Na qualidade de abstrações, eles servem, apenas, para iludir as pessoas."
Esse texto foi apresentado pela Professora Lígia Tavares, na coluna Meio Ambiente e Sustentabilidade da radio CBN 101,7 FM
Para saber mais sobre a professora Ligia Tavares, acesse ligiatavares.com/
Ou se deseja ouvir os Podcasts da coluna Meio Ambiente e Sustentabilidade, veja o link cbn.jornaldaparaiba.com.br/ligia-tavares
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