Um livro lançado em 2014 pelo Professor
Tarcísio Alves Cordeiro da Universidade Federal da Paraíba, intitulado O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A ÁGUA DE JOÃO PESSOA ( LINK AQUI ) mostra a realidade da bacia do rio Gramame que abastece de água a nossa cidade. Além das constatações sobre o estado dessa bacia e a qualidade da água, o livro
comenta sobre o triste descaso do poder público e demais atores governamentais.
O livro também alerta que esse descaso não
ocorre por falta de estudos! Pois são
relatadas inúmeras pesquisas e trabalhos realizados tanto pela UFPB como pela
UEPB em diversas áreas do conhecimento científico: Geografia, Geologia,
Biologia, Oceanografia, Clima, Química e diversas Engenharias, que apontam para
a mesma realidade : O RIO ESTÁ MORRENDO.
O manejo errôneo do solo e ocupação indevida
nas áreas de mata ciliar ( plantações e criação de animais ) ressaltados no
livro, geram por si só um fortíssimo
impacto no rio. Processos de assoreamentos e bancos de areia são as
consequências vistas por essa falta de fiscalização, desse que é um dos
principais mananciais que abastecem a Grande João Pessoa.
" [...] as condições atuais das margens
dos rios do Gramame na imagem do Google Earth, mostra que a paisagem natural
foi praticamente toda suprimida, os rios estão nus. Hoje, o que encontramos no
lugar das matas ciliares são canaviais, plantações de abacaxi, pastos e até
areeiros. "
Entretanto, infelizmente esse não é o único
problema da bacia.
A
bacia está com um déficit de retirada de água para o uso humano, e mesmo assim
grande parte da sua água é usada pela agricultura e outra parte é lançada em
forma de esgotos em outros rios. Isso diminui sua vazão e compromete sua
capacidade de diluição da poluição e renovação da água e o seu próprio
abastecimento.
"O fato é que a bacia do Gramame está no
seu limite de retirada de água para uso humano, segundo Cabral da Silva et al.
(2002), atualmente 63 % da demanda de água é para o abastecimento urbano, 36 %
para a irrigação e 1 % para abastecimento na própria bacia. Isso significa que
muita água está sendo retirada do rio e que a maior parte não irá retornar
porque será lançada na forma de esgotos em outros rios, principalmente nos rios
Cuiá e Tambiá. "
A agricultura tem grande importância na
paisagem, pois além de utilizar a bacia para irrigação e ocupar indevidamente
áreas de mata ciliar, promove também a entrada de agrotóxicos na bacia. Os
agrotóxicos possuem destaque no livro com dados alarmantes que não limitam-se
ao meio natural - uma catástrofe por si só - , mas também aos seres humanos. O
quão danoso é a presença de agrotóxicos na saúde humana é igualmente enfatizado
no livro: 72 tipos de pesticidas diferentes foram detectados na bacia do
gramame, sendo que a tabela VMP ( Valores Máximos Permitidos) do MMA (
Ministério do Meio Ambiente) possui apenas 27 elementos.
Plantio de cana-de-açucar em praticamente toda a sua margem. Fonte: Marco Vidal, 2009. Imagem retirada do livro 'O que você precisa saber sobre a água de João Pessoa (2014)'.
" Voltando aos 72 produtos identificados
no Gramame, se formos combinar cada dois pesticidas, teremos de realizar 2.556
análises, se forem combinações de 3, o número de testes sobe para 59.640, e
assim por diante "
Dos 72 pesticidas, 41 são altamente ou
extremamente tóxicos. E alguns foram encontrados nos mananciais que abastecem a
Grande João Pessoa.
" [...] foram encontrados mais três
agrotóxicos a montante (antes) da captação da CAGEPA, Ametrina, Diuron e
Tebuthiuron; somando-se a Atrazina, já são quatro agrotóxicos nas águas que vão
abastecer a GJP. À jusante, no médio curso, foi encontrado ainda o fungicida
Tetraconazol. Dessas substâncias, somente o Diuron e a Atrazina são regulados
pela Portaria n.º 2914/2011 do Ministério da Saúde "
A realidade da bacia do Gramame e a qualidade
de sua água é duramente exposta no livro e chocante. Assusta! Já é visto o
efeito negativo em comunidades ribeirinhas (
Mituaçú, Colinas do Sul, Gramame e Engenho Velho ), também citadas no
livro, que sofrem com os danos causados à bacia hidrográfica.
Com a iminente necessidade de uma intervenção
na bacia, o autor cita medidas mitigadoras de carácter imediato para conter a
degradação desse importante manancial de João Pessoa, a exemplo da recuperação
da mata ciliar dos rios e da represa que abastece a cidade de João Pessoa.
*** A petição pública on line feita pelo
Professor Tarcísio, reforçada no livro (link: http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=P2013N44172)
TEXTO: Guilherme
Barroca, aluno do curso de Graduação em Geografia e Monitor do curso Geografia
e Meio Ambiente.
Edição: Diôgo da Silva Santos
Um estudo científico do que já sabíamos e era anunciado há décadas, desde os anos 70/80 quando fui estudante de geografia. O CCEN da UFPBpor Boa de Deus competentes mestres ja alertavam para esse problema. Tragédia anunciada. Hoje, tantas doenças intestinais crônicas e estomacais podem ter origem nos venenos diários que ingerimos. Sob os auspícios da lei.
ResponderExcluirCorreção: "através de boa parte de seus competentes Mestres "
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