quarta-feira, 16 de julho de 2014

Salvem a Avenida Beira Rio!


Como já comentado em postagens anteriores, a professora Lígia Tavares, além de coordenadora do projeto Mata Atlântica nas Escolas, também é colunista da rádio CBN 101.7 FM e toda quarta feira ela aborda assuntos atuais sobre o meio ambiente. Essa semana o tema foi "Salvem a Avenida Beira Rio!"


Segue o texto que a professora comentou em sua coluna de Meio Ambiente e Sustentabilidade. Este mesmo texto pode ser encontrado no site http://ligiatavares.com/


"Lígia Tavares

14 de julho de 2014

O Governo Municipal parece estar mesmo decidido a eliminar o máximo de árvores que pode na Avenida Beira Rio para dar espaço aos carros. Há alguns meses, anunciou que iria ampliar a Beira Rio, na altura do Bairro da Torre, ameaçando cortar várias árvores, o que resultou na mobilização popular OCUPE BEIRA RIO.

E agora, novos protestos surgem, com a amarração de cruzes em árvores no final da Beira Rio no sentido praia, para a execução de projeto urbanístico viário. E para isso, árvores adultas, dentre elas Ipês, que encantam a avenida em seu período de florada, irão tombar para a passagem dos carros.

A avenida Beira Rio é a mais bonita da cidade. Ela margeia o vale do rio Jaguaribe, possui canteiro de belas árvores e se não fossem as construções irregulares na beira do vale, seria uma via cênica e turística, uma atração a mais na nossa cidade, como existe em várias cidades no mundo.

Mas parece que no Brasil estamos mesmo fadados a não ter direito a paisagens notáveis nas nossas cidades. A não conviver com recantos urbanos generosos para aliviar os nossos olhos e corações no percurso diário do cotidiano urbano. E quando esses recantos existem, não tardam as administrações grosseiras e ignorantes esteticamente a arrancá-los de nosso convívio. Assim tem sido com as áreas verdes da nossa cidade.

E a Beira Rio, essa avenida bonita e encantadora de nossos cotidianos, é a mais ameaçada da atual administração. Quer por que quer a todo custo essa destruir a paisagem bucólica da avenida.

Mas a beleza e o encantamento não são as únicas funções da Beira Rio. As suas árvores contribuem para diminuir a poluição, pois as árvores têm essa função ambiental de filtrar o ar. Cada vez que uma árvore é arrancada na cidade, aumenta a fuligem no ar e a propensão às doenças alérgicas e pulmonares. Os moradores das grandes cidades conhecem bem essa realidade.

Então porque continuamos a querer imitar esse modelo insustentável? Porque não planejamos. E esse é outro ponto da questão. Onde está o plano de mobilidade urbana da cidade, perguntam os arquitetos do IAB - João Pessoa, que encaminharam uma nota técnica à prefeitura questionando esse projeto, alegando que não há relatório de impacto ambiental, que a obra está em área de preservação permanente, que vai diminuir a permeabilidade do solo e que não resolverá o problema do Altiplano, causa maior do problema viário na área. Pede a nota técnica que a prefeitura realize os estudos com diagnóstico e simulação para comprovar que a obra é necessária.

A administração municipal não mostra os projetos que faz, a não ser quando já está licitado e a obra pronta para começar. Não há discussão com a sociedade ou transparência nos projetos, mas obras isoladas e soluções imediatistas e paliativas, sem planejamento urbano, que transformam a cidade numa colcha de retalhos, transferindo os problemas para o futuro, sem nunca resolve-los e criando outros.

Basta de jogar os problemas para debaixo do tapete e resolver problemas urbanos à custas do meio ambiente e da qualidade de vida. Precisamos ter planejamento a longo, médio e curto prazos na nossa cidade. Inserir as obras em um contexto amplo de mobilidade urbana, para que as pessoas saibam e apoiem projetos sustentáveis.

A prefeitura anunciou que irá repor as árvores. Repor aonde? Dá para transferir a beleza e a paisagem da Beira Rio? Além disso o nosso solo é pobre e a perda é de 50 % do que a prefeitura planta pois não cuida, como quem cuida do jardim e poucas sobrevivem. Isso torna o ato de retirar árvores adultas ainda mais danoso, pois não há, de fato, garantia nenhuma de que seja verdade os números de plantios que a prefeitura anuncia.


A verdade é que a nossa qualidade de vida está indo por água abaixo. A cidade está deteriorando, o nosso verde está se acabando e o que estão fazendo com a Beira Rio é um indicativo do desprezo com a paisagem e a qualidade de vida, por uma administração viarista e sem plano de mobilidade."


Créditos:
Texto: Lígia Tavares
Edição: Gabrielly Srs Correia

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